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quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Indigente†

O corpo estendido na maca era de mulher. Coberto de carne dilacerada, o peito aberto como se tivesse levado dezenas de facadas. Um corpo nu, mais nada. Morto, abusado, seco de sangue e sujo de gozo. Estuprada. Uma mulher que há pouco respirava. Há pouco sorria, chorava, vivia, cantava...Fragilidade e frieza própria de quem morre. Morta, nua, intocável, finalizada. Será que foi amada? Ou morreu só? Teria uma história de vida ou a morte seria sua história? Ninguém sabe. Ninguém se importa. Ninguém lhe daria rosas no túmulo.
Era um cheiro de éter insuportável!
-Merda! Meu pai bem que dizia: Seja dentista! E eu optei por médico legista. -Desculpe moça. Não fossem esses furos até que dava.
Guardou o membro, fechou o ziper da calça e empurrou a gaveta. Ela merecia um epílogo.



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